É fato que a discussão entre teoria e prática não é nova, porém, algumas coisas precisam ser ditas, de modo específico quando ela surge entre irmãos na fé. Fico admirado com o fato desta discussão existir no meio cristão, uma vez que toda nossa fé reformada tem como base a linguagem escrita. Uma vez que aprouve a Deus zelar para que sua revelação permaneça e atravesse a história por meio da Palavra. Devemos criticar os escritores do Evangelho por dedicar tanto tempo e energia no exercício da escrita? Devemos criticar nossos pastores e professores por dedicar sua vida ao ensino oral?
Falar não é ação? Escrever não é prática? Ensinar não é trabalho? Dialogar não é edificação?
Me pergunto, sobre qual fundamento os tais práticos se sustentam para tecer suas críticas verbais aos teóricos. Não seria, por exemplo, sobre textos bíblicos escritos em hebraico, grego e traduzidos para os mais diversos idiomas e dialetos, fazendo uso da linguagem humana? A base dos críticos práticos, muitas vezes, se alicerça sobre a carta de Tiago. Porém, por falta de conhecimento teórico, esses mesmos práticos não entendem que a exortação de Tiago não é contra a teoria, mas contra as incoerências entre o discurso de fé e a prática da vida cristã. Até porque, como poderia o escritor da carta ser contra a escrita? Como poderia ele “perder tempo” na escrita daquele argumento se não houvesse crença na relevância de sua comunicAÇÃO?
Falo, ou melhor, escrevo em defesa dos que falam e escrevem. Falo com o peito cheio não só porque PRATICO a escrita, mas também porque nós não perdemos nosso tempo criticando os práticos. Na maioria das vezes, as pedras são lançadas por aqueles que, reza a lenda, estão praticando a vida cristã com propriedade e relevância. E, se é que realmente estão, fazem isso com base na Palavra e nos estudos da Palavra.
Também preciso dizer que a maioria destas críticas nascem, na verdade, da vontade de criticar o EGO daquele que fala e escreve. Como numa tentativa de furar o balão do EGO daquele que profere e, assim, se expõe, para o bem e para o mal. Sobre isso, gostaria de esclarecer um ponto aos meus caros práticos de plantão. Tudo que o ser humano desenvolve, mesmo no meio cristão, sempre conterá sua parcela de EGO. Quer você entenda EGO como algo neutro ou apenas negativo, tudo que fazemos, mesmo para o Reino de Deus, passa por nosso EGO e por isso contém seus devidos traços de orgulho pessoal. Deus, soberano, tem total ciência disso e trabalha nisso, por meio disso e apesar disso. Não pense, nem por um segundo, que nossos EGOS, de práticos ou teóricos, escapam da soberania de Deus.
Por fim, pergunto: Vamos mesmo criar mais este desafeto no meio Cristão?
Já não basta todos desafetos que criamos e cultivamos dentro e fora da Igreja?
Vamos dissolver desafetos?
Em Cristo Jesus, transformai-vos!
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