Por que viajamos?
Esta pergunta perambulou minha cabeça enquanto eu e a Ju organizávamos as malas no porta-malas do carro, antes de partir. Uma viagem simples, nada de agência de viagens e tours complicados. Daquelas que se enfia tudo no carro, com planejamento mínimo, grana mínima e muita vontade.
Vontade de fugir, afinal, toda viagem tem um tom de fuga, de exílio voluntário. Saímos de casa pra fugir da rotina, dos horários de sempre, das tarefas do dia-a-dia. Da mesmice do que se vê e se ouve no mundo objetivo, no mundo externo.
Mas como um bom ser-humano, da casta dos introvertidos, preciso dizer que também viajamos pra fugir do nosso mundo interior. Partimos pra fugir daquele eu “mesmificado” pelos pensamentos do presente. Fugimos pra virar o disco da nossa cachola que, por diversas vezes, insiste nas mesmas canções.
Viajamos pra buscar o novo, lá fora. Pra ver o novo com os velhos olhos, pra ouvir novas canções, pra sentir outros cheiros, pra acordar com a sensação de: “Onde estou mesmo?”. Pra conhecer novos lugares, onde nos sentimos pequenos ao perceber a pluralidade de vidas diferentes da nossa. O pescador caiçara que nunca saiu de sua ilha natal. O argentino que largou tudo pra viver numa praia do Brasil, também fugindo e buscando.
Viajamos também pra buscar o novo dentro de nós. Viajamos para nos reimaginarmos e nos recriarmos. Pra deixar o velho-homem pra trás e buscar o novo-homem. Aquele ser que se posiciona acima dos velhos complexos e dos antigos paradigmas.
Viajamos pra fugir das coisas de fora e de dentro.
Viajamos pra buscar fora e dentro.
Viajamos para nos transformar.
Boa viagem!
Difícil saber o que é se você nunca teve um